Fundamentada em 20 pilares (10 técnicos e 10 gerenciais), a sustentabilidade da fábrica da FCA em Goiana, Pernambuco, atinge todos os setores: desde a recuperação da vida selvagem (fauna e flora) no antigo canavial que dominada os 11 milhões de quilômetros quadrados da área.

A sustentabilidade em Goiana está estruturada para melhorar a organização do posto de trabalho, o sistema de qualidade, o sistema de manutenção e o sistema logístico.

Nós visitamos a fábrica mais moderna da FCA na semana passada, numa maratona que incluiu quase tudo o que foi construído desde 2015, quando a empresa iniciou as operações, capacitando oito mil pessoas, a maioria moradores da região, transformando a cidade num polo industrial.

Hoje, os 13.600 empregados são responsáveis pela produção do Renegade e do Compass, ambos da marca Jeep, e da picape Toro, que leva a marca Fiat, carros que atendem o mercado interno e são exportados para Argentina, Chile, México, Colômbia e Peru.

 1º parada – Gestão Ambiental

As ações aqui são de uma gestão de longo prazo, que atingem toda a empresa, da diretoria ao chão de fábrica. Foi a primeira fábrica do setor automotivo na América Latina a ter o certificado Carbono Neutro, conquistado em 2017. Foram desenvolvidos processos para reduzir e neutralizar emissões de gases de efeito estufa: para reduzir as emissões, são adotadas medidas de eficiência energética. A fábrica possui, por exemplo, um sistema que substitui o uso da energia elétrica convencional pela oriunda de fontes renováveis. Em dois anos (de 2016 a 2018), foi reduzido em 45% o consumo de energia, graças ao envolvimento dos funcionários na proposta de o uso consciente dos recursos naturais.

Em todas as linhas, há um indicador de CO2 e para acompanhamento mensal dos resultados.

Entre 2017 e 2018, a empresa reduziu em 11% das emissões de CO2 e os valores de 2019 já superam as expectativas. No acumulado de janeiro a julho de 2019, a redução é de 16% na comparação com o mesmo período de 2018.

A fábrica tem um sistema de tratamento de efluentes e reuso de água que eliminando o consumo de água potável para fabricar carros. Todo o efluente gerado na produção é tratado em um sistema com capacidade de 210 mil litros/hora e que tem como diferenciais as tecnologias de membrana e osmose reversa. Em um mês, 28 mil m³ de água (equivalente a oito piscinas olímpicas) deixam de ser captados da rede pública de abastecimento.

A FCA criou o aterro aero,  em Goiana, isto é: nada vai pro lixo; tudo é reaproveitado: reutilizado ou reciclado. Foram feitos contratos com 34 empresas que recebem os resíduos.

2º parada – Tour pela produção

Prensas

É onde o carro começa a nascer. Nas prensas, o aço se transforma empeças que formam a carroceria. Seis prensas realizam operações seqüenciadas com sincronismo em alta velocidade. A primeira é responsável por dar forma à chapa de aço, a segunda faz o recorte e a terceira faz as furações.

A estratégia de gestão de resíduos é baseada no princípio dos Rs: Reduzir, Reutilizar, Reciclar e  Recuperar.

Funilaria

A Funilaria recebe as peças das prensas que, após serem soldadas, vão formar as estruturas de assoalho, laterais, teto, portas, capô e para-lamas.

Dos 700 robôs, 607 deles estão na funilaria, que fazem os pontos de solda. Quatroze robôs aplicam 100 pontos de solda simultaneamente, congelando a geometria da carroceria em uma única etapa em menos de um minuto.

Pintura

A primeira camada de pintura é o primer, a base, para depois receber a cor; o sistema economia tinta e tempo de operação e usa 20% menos produtos químicos e 29% menos energia. Neste ano, o consumo de energia chega a 40% menor que outras pinturas automotivas.

Montagem

A última etapa da produção é a montagem, quando o carro recebe 1.800 peças, ou 800kg de componentes. O edifício que abriga a montagem foi desenhado para otimizar a operação e a interação com os fornecedores, de forma que aumenta a agilidade na chegada das peças até o ponto de utilização na linha, otimizando o fluxo, com redução de emissão de CO2 e a reutilização de embalagens. A maioria das embalagens é retornável.

3ª Parada – Viveiro

Programa de Biodiversidade

A fábrica foi construída em uma região dominada pela plantação da cana-de-açúcar, portanto sem vegetação nativa. Mas o Programa de Biodiversidade fez um levantamento e identificou a fauna e flora nativas, reintroduzindo-as no local. Hoje, o local tem uma fábrica de mudas. Isso foi feito em parceria com universidades locais. Foram inventariadas 618 espécies de plantas e 446 espécies de animais, sendo 36 de peixes, 67 de répteis e anfíbios, 290 de aves e 53 de mamíferos, e 35 delas em extinção.

A meta é alcançar até 2024 o plantio de 208 mil mudas, com a criação de 304 hectares de área verde e corredores ecológicos.

Rota do Saber

O programa Rota do Saber é outra proposta da empresa, que tem como foco a qualificação de professores de escolas públicas do ensino fundamental, pelo prazo de três anos. O programa tem data para começar e terminar, evitando uma relação de dependência. A partir do aprendizado acumulado em três anos, o município terá condições de transformar o programa em política pública. Tudo feito em parceria com o município. A Jeep oferece a metodologia, desenvolvida pela ONG Instituto Qualidade no Ensino (IQE) e o município a equipe de profissionais. Para o Rota do Saber, a Jeep mantém parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com a Magneti Marelli, empresa do grupo FCA.

Luiz Cipolli Junior, de Goiana, PE