Estudo da Roland Berger diz que a taxação de carros mexicanos pode ter efeito oposto ao desejado, eliminando postos de trabalho nos EUA

A proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar carros importados, especialmente do México, poderia criar problemas para os fabricantes estadunidenses, reduzindo seu lucro, conforme estudo da consultoria Roland Berger: o chamado imposto de fronteira, que no caso do México seria entre 20 e 35%, causaria o efeito oposto ao desejado, eliminando postos de trabalho nos EUA.

Segundo o relatório, apresentado na semana passada em Berlim, a aplicação do imposto provocaria custos adicionais e reduziria as margens de lucro do setor automotivo.

“Para as montadoras, o resultado provavelmente será intensa pressão de margem e vendas de veículos reduzidos, possivelmente resultando em mais perdas de emprego”, disse Wolfgang Bernhart, sócio da Roland Berger, conforme a agência Flash de Motor.

Ele explicou que o imposto provocaria um aumento médio de US$ 1,5 mil por veículo fabricado nos Estados Unidos, isso devido à grande quantidade de conteúdo estrangeiro.

No caso de carros asiáticos o aumento poderia chegar a US$ 2,2 mil, enquanto os preços dos modelos europeus teriam um aumento de US$ 5,3 mil.

Segundo o relatório, essas perdas não seriam compensadas com a eventual transferência da produção do México para os Estados Unidos por causa do custo de produção de carros pequenos e médios no país: “a produção nos segmentos de pequenos e médios não é mais economicamente viável nos EUA”, disse o consultor.

Wolfgang Bernhart lembrou que as perdas de 600 mil emprego na indústria automobilística nos Estados Unidos antes da recessão (entre 2000 e 2009) tem pouco a ver com o México, onde foram criados nesse período apenas cerca de 100 mil vagas no setor automotivo.

Na verdade – explicou – empregos estão sendo perdidos na indústria automobilística estadunidense devido ao aumento da automação e o aumento simultâneo da produtividade.