Um escultor de ossos de baleia fez o navegador rever seus conceitos. Depois, ele, Joel Leite e equipe cruzaram a fronteira rumo ao Uruguai

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Foi um encontro improvável. Amyr, a bem da verdade, nem queria “perder tempo” indo ao ateliê de um escultor de ossos de baleia. O navegador tinha planos mais terrenos: voltar ao volante do Honda HR-V, chegar o mais rápido possível à Patagônia e seguir viagem a caminho de Puerto Toro, no extremo sul do Chile, destino final da expedição Pra Lá do Fim do Mundo.

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Era o terceiro dia da jornada que vai levar quatro carros até o povoado mais austral do planeta. Na noite anterior, diga-se, Amyr, entre um pastel de siri e outro degustado num restaurante em Santa Vitória do Palmar (RS), soltou a bomba: “Quero mudar o roteiro”.

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Mas deixemos essa novidade para depois. O dia começou com mais um trecho pela praia. Seguimos até o último metro de areia do Brasil, na Barra do Chuí. Um molhe (paredão) de pedras torna impossível seguir viagem. Mas Amyr fez questão de descer do carro, caminhar pelas enormes pedras e avistar o Uruguai.

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Logo ali está o tal ateliê do escultor de ossos de baleia. Ele se chama Hamilton Coelho. Tem 61 anos. Há 30, entrou numas de pegar restos lançados pelo mar e transformar em arte. Desde madeiras e boias até, e principalmente, ossos de baleia. Enormes fragmentos de crânios, mandíbulas, vértebras e costelas do mamífero gigante viram obras de arte.

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Amyr, que, como falamos acima, não fazia questão de conhecer um desconhecido, anda pelo ateliê, magnetizado pelo talento de Coelho. O artista lida com elementos inerentes ao universo de Amyr. Joel Leite, idealizador da viagem, apesar de também estar encantado com o artista, lembrou que era preciso seguir viagem. Na despedida, navegador e artista trocaram presentes. Coelho recebeu dois livros assinados. Amyr levou para casa uma boia antiga pela qual havia se encantado enquanto passeava pelo espaço. Ficou no ar também a vontade de Amyr ajudar Coelho a levar sua obra para além do Rio Grande do Sul.

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Hora de acelerar. E deixar o Brasil. Na fronteira com o Uruguai, uma leve burocracia para apresentar a documentação não levou mais de 15 minutos. O primeiro destino pelas bem cuidadas e cênicas estradas uruguaias foi a cidade de Piriápolis.

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É a irmã menos conhecida de Punta del Este, a 40 quilômetros de lá. Não passa a mesma ostentação – ainda bem. Mas tem charme de sobra. No caderninho de Amyr, é um dos portos mais importantes para quem navega rumo à Antártica. Velejadores de todas as partes do mundo fazem dessa cidade de 10 mil habitantes sua terra firme.

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Tem as vantagens, entre outras, de não ser tão cara e, por estar na bacia do rio da Prata, ter marina de água doce, menos danosa para os cascos dos barcos. Amyr procurou amigos ancorados. Não encontrou.

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Ao lado de Joel, sentou-se à mesa de um quiosque de frente para o porto, onde exibiam-se dois lobos-marinhos, de pelo comprido, espécie ameaçada de extinção. Pediram salada de marisco. E voltaram para estrada. Destino: Colonia del Sacramento. Mas não havia tempo para mais nada. Ao lado da equipe, a dupla se mandou para o Chacra La Escondida, hotel a 11 quilômetros do agitado centro da cidade. Como Amyr gosta.

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