História, caos, 4.200 metros de altitude e um frio de -9 °C

Trajeto:  Aiquile (BOL) –Sucre – Potosi – Uyuni (BOL)
Distância: 498 km, 9 horas
Piso: Terreno asfalto, terra e pedra
Temperatura: -9 a 25 °C
Altitude: 2.258 a 3.653 metros

A caminho do Salar de Uyuni, os três WR-V sobem encostas de montanhas exuberantes e rodam pelo leito nem tão seco do rio Chuquisaca

Não deu para assistir a um show de charango e nem sequer ver um. Saímos logo cedo de Aiquile, célebre pela produção dessa viola típica boliviana, e voltamos para a Rota 5. Os cenários mais bonitos da viagem até então não demoraram para aparecer. Estamos subindo e as montanhas andinas que nos levam rumo ao Salar de Uyuni não param de crescer. E são lindas. Têm um tom meio avermelhado, com uma vegetação rala e, vez ou outra, são forradas de cactos.

Por mais de uma centena de quilômetros acompanhamos o leito ora seco ora com uma boa porção de água do rio Chuquisaca. Às suas margens, pequenas plantações bem verdes colorem a paisagem. São cultivos dos moradores dos pequenos povoados que ladeiam a estrada. Ovelhas, porcos e vacas (além de lhamas, mas apenas nas placas) cruzam a estrada em diversos pontos.

O ponto alto do trecho veio quando Amyr Klink e Joel Leite decidiram sair do asfalto e colocar a suspensão dos WR-V para trabalhar no leito do Chuquisaca. Por um terreno completamente irregular e esburacado, com pedras de todos os tamanhos, os SUVs da Honda alcançaram a água e cruzaram para o outro lado do rio.

Precisar não precisava. Mas o passeio garantiu a diversão da equipe e lindas imagens.

Tínhamos mais de 500 quilômetros pela frente. Decidimos parar em Sucre para almoçar. Depois de conhecer a sempre presente plaza de las armas, aqui batizada de 25 de maio, nos sentamos no Café Restaurant Florin. No cardápio, nada muito típico a não ser uma espécie de cuscuz à base de quinoa. Enquanto La Paz é a sede do governo, Sucre é a capital constitucional da Bolívia. Devido ao seu centro histórico, foi declarada patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO.

A estrada seguiu exuberante até Potosi. A 3.967 metros de altitude, é uma das cidades mais altas do mundo e, por mais absurdo que possa parecer (tendo em vista o caos de hoje) já esteve entre as cidades mais ricas do planeta. Isso foi lá pelo século 17, graças às suas reservas de prata, praticamente zeradas pelos invasores espanhóis. Abastecemos os carros ali e enfrentamos os mesmos problemas de ontem (preço “especial” para placas estrangeiras, dificuldade dos postos para colocar o tal preço na bomba e a não aceitação de cartão de crédito). Hoje, teve mais um dificultador: uma fila de 40 minutos.

Depois de tocarmos os 4.200 metros de altitude, já à noite, vimos surgir em um grande vale a cidade de Uyuni. Ao pararmos na estrada para realizar a troca de motorista, vimos um céu de planetário, com todas as estrelas brilhando assustadoramente. Para muitos, foi o céu mais estrelado da vida. Mesmo debaixo de um frio de 9 °C negativos, deixamos os carros e as malas no hotel Casa de Sal – feito realmente todo com tijolos de sal – e caminhamos até o centro da cidade comer uma pizza e tomar um vinho boliviano de altitude.

Amanhã será o grande dia da viagem. Vamos de WR-V zanzar pelo Salar de Uyuni, o maior deserto de sal do planeta.

Veja como foi o primeiro dia da viagem

Veja como foi o segundo dia da viagem 

Veja como foi o terceiro dia da viagem

Veja como foi o quarto dia da viagem

Veja como foi o quinto dia da viagem

Veja como foi o sexto dia da viagem

Fotos: Érico Hiller