Como é bom acelerar no Salar de Uyuni

Trajeto                 Salar de Uyuni (BOL)

Terreno                asfalto, terra e sal

Temperatura        -9 a 5 °C

Altitude               3.653 metros

Depois de 4.133 quilômetros de estradas deliciosas e difíceis, chegamos ao maior deserto de sal do planeta e nos divertimos a bordo do Honda WR-V

Viagens sempre têm seus pontos altos. Quando feitas de carro, esses momentos devem ser ainda mais festejados. Nada contra viagens de avião, quando saímos de casa e desembarcamos a milhares de quilômetros sem saber o que havia no meio do caminho. Mas em jornadas sobre rodas o caminho engrandece o destino. Tudo isso para dizer que hoje foi dia de conhecer o Salar de Uyuni, na Bolívia, um dos ápices visuais do nosso trajeto.

Para chegar até aqui, saímos de Paraty, no litoral do Rio de Janeiro, subimos a serra da Mantiqueira, atravessamos o estado de São Paulo, rodamos pelo sul do Pantanal, cruzamos a fronteira com a Bolívia e, depois de passar por Santa Cruz de la Sierra, começamos a subir os Andes, tocamos nos 4.200 metros de altitude e finalmente estacionamos os três Honda WR-V no maior deserto de sal do planeta. As duas scooter X-ADV chegam amanhã.

Anote aí na sua lista de “coisas” para fazer antes de morrer: “Acelerar um carro no Salar de Uyuni”. O deserto é plano, parece infinito, com piso áspero, enrugado, que faz o carro trepidar o suficiente para você sentir o terreno. Com todo cuidado, claro, é possível sair do traçado utilizado pelos carros e ziguezaguear à vontade. É tudo branco. Pequenas ilhotas (são 33) e montanhas de contorno suave aparecem e desaparecem no horizonte conforme a incidência da luz do sol. Dá até a impressão de voar.

Recomendações. Maneirar na velocidade, já que a amplitude faz com que você não perceba se está a 80 ou a 120 km/h. Não fazer curvas fechadas, pois o piso áspero, além de ferir os pneus, pode prende-los e catapultar o carro – pelo menos foi o que nos aconselhou Renato Ayavire, nosso guia, um figuraça de ascendência aimará nascido em Llica, um dos povoados na beira do salar. “Eu esperava que a gente ia encontrar um piso escorregadio, meio ensaboado. Mas ao contrário: é duro, áspero, com bastante aderência. Muito gostoso de dirigir. Uma experiência única para quem gosta de acelerar”, disse Joel Leite, depois de acelerar pelo Uyuni.

O conselho mais importante de Renato foi em relação à água acumulada sobre o piso. No período das chuvas, os 12.10 quilômetros quadrados do deserto branco – área oito vezes maior que a cidade de São Paulo – ficam cobertos de água. Como estamos no período seco do ano, encontramos apenas partes do salar encharcado. E foi impossível segurar a vontade de dirigir sobre as águas. O problema é que essa água, cheia de água e sais minerais, pode complicar a vida de freios e equipamentos eletrônicos do carro. Por isso, a dica é não passar dos 15 km/h – para que a água, cheia de sal e outros minerais, espirre o menos possível sob a carroceria.

“Mas o legal mesmo foi ver que os únicos carros 4×2 em toda a extensão do salar em nossa visita eram os nossos WR-V”, disse Amyr Klink, quando estacionamos na Isla Incahuasi, uma das 33 ilhas do salar. O SUV da Honda deu de ombros para as dificuldades da estrada de terra que sai do vilarejo de Colchani e leva até as bordas do salar. E no salar sentiu-se à vontade entre grandalhões 4×4. Diante da ilha repleta de cactos gigantes (passam dos 10 metros), os WR-V chamavam a atenção dos viajantes.

Um dos impressionados com a façanha do WR-V foi o peruano Errol Centti, que visitava o Uyuni pela primeira vez e é dono de um WR-V igualzinho o nosso, na mesma cor. “É lindo ver o ‘meu’ carro aqui. Ele me serve tão bem em Lima e nas minhas viagens pelo Peru… Agora sei que posso ir muito mais longe”, disse Errol, que pretende esperar a chegada dos carros na capital peruana no dia 13 de agosto.

Em nosso almoço, montado no meio do salar, sob um frio de 1°C, teve carne de lhama (em um corte estilo t-bone), uma espécie de cuscuz de quinoa e salada. Feliz da vida com a experiência (e por ter provado e adorado a suave e macia carne do camelídeo), Amyr não usou meias palavras para descrever o salar de Uyuni: “É uma experiência que eu recomendo para todo mundo que não quer ficar sentado no sofá. Eu nunca estive em um lugar tão especial na minha vida”. Ouvir isso de um cara que já rodou o planeta não é pouca coisa.

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Fotos: Érico Hiller