Uso do celular já briga com o álcool como principal distração ao volante, mas até um inseto pode provocar acidentes

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A maior parte dos acidentes ocorre por causa da distração do motorista ao volante. E o curioso é que a maior parte das distrações é provocada pelo uso da tecnologia, o celular e o GPS. Mas a distração ocorre em qualquer circunstância: ao manobrar ou sair da vaga do estacionamento, no choro do bebê à bordo, na sonolência do motorista e até em casos mais insólitos, como a adrenalina ao ouvir o gol do seu time no rádio ou a presença de um inseto na cabine.

Um levantamento feito pela Allianz mostra que o risco de um acidente cresce drasticamente quando o motorista divide a atenção entre o trânsito e a tecnologia.
Segundo a seguradora, 60% dos motoristas envolvidos em acidentes usavam o celular enquanto dirigiam. A conclusão dos técnicos é que quanto mais itens de tecnologia tem no veículo e mais complexa seja a sua operação, mais distraído estará o motorista.
O álcool ainda é o maior responsável pelos acidentes, mas o uso do celular está avançando rapidamente nesse quesito e em alguns casos já é a principal causa das ocorrências

O homem é o responsável por 90% dos acidentes de trânsito. Os outros 10% são resultado de problemas com o carro ou com a via. Na pesquisa feita pela Allianz, três em cada quatro motoristas admitiram que costumam se distrair com as tecnologias existentes no veículo ou com o aparelho celular.
Em 2016, mais de 3.200 pessoas morreram nas estradas da Alemanha – 256 delas porque uma das vítimas envolvidas estava bêbada e 350 devido distrações ao volante.

Jochen Haug, diretor de Sinistros da Allianz Alemanha, considera o uso do celular ao volante tão nocivo quanto o álcool e acha que a sociedade precisa tomar uma atitude frente a essa realidade. Afinal, até os anos 70, era aceitável um motorista beber e dirigir, mas depois de muitas mortes em consequência do álcool as velocidades nas rodovias foram controladas e estabeleceu-se um nível máximo de álcool no sangue.
“O comportamento em relação à bebida alcoólica mudou. Não é mais socialmente aceitável beber e dirigir. Nós precisamos adotar a mesma atitude em relação ao uso do celular no volante,” disse o especialista, concluindo: “Nosso estudo é claro, o motorista que usa o celular enquanto dirige coloca vidas em risco”.

O uso do celular é tão disseminado que um em quatro motoristas afirmou que lê mensagens de texto enquanto dirige e – acredite! – 15% afirmaram que as respondem. Nos Estados Unidos a realidade é parecida. Um estudo feito no país apontou que quase 60% dos entrevistados lêem mensagens no celular com o veículo em movimento.

Mais de um terço (36%) de todos os motoristas distraídos envolvidos em acidentes fatais tinham entre 15 e 29 anos, de acordo com as estatísticas da Administração de Segurança no Trânsito dos EUA (dados de 2015).

Outras distrações

Na verdade, qualquer ação ou desvio de atenção ao dirigir aumenta o risco de acidente. Se falar ao celular aumenta em 1,3 vez o risco de acidente e digitar o número do telefone aumenta em 2,8 vezes (dados de levantamento feito no Canadá), ao comer enquanto dirige o risco é de 1,6 e simplesmente olhar para alguém no carro, 3,7.

Há muitos casos de acidente por causa do desvio da atenção do motorista para atender o choro do bebê ou o grito de uma criança no banco de trás.

Qualquer desatenção pode provocar um acidente e são muitas as possibilidades, além do álcool e do celular. Um levantamento feito pelo Centro de Tecnologia Allianz e a Continental em vários países revela que 40% dos acidentes ocorrem ao manobrar ou estacionar o carro.

Os novos formatos e aumento do tamanho dos veículos contribuem para o aumento disse tipo de ocorrência, uma vez que o tamanho das vagas nos estacionamentos não está acompanhando essa evolução. A expectativa era de que esse tipo de ocorrência diminuísse com as novas tecnologias de câmeras traseiras e sistemas automáticos de estacionamento.

Recomenda-se estacionar o carro de ré, uma vez que a vaga normalmente está livre. Já ao tirar o carro da vaga de ré o risco de um atropelamento é maior.

O sono ao volante é uma das principais causas de mortes, principalmente nas estradas. Um levantamento feito pela Academia Brasileira de Neurologia mostra que 20% dos acidentes de trânsito estão associados à sonolência do motorista. Os horários com mais incidência desse tipo de ocorrência são a madrugada e início da tarde, após o almoço, horários em que o sono mais ataca. Uma fração de segundo é suficiente para ocorrer uma tragédia.

Um estímulo vindo de fora pode provocar uma direção mais agressiva, assim como uma situação de relaxamento. Ambas as situações podem resultar numa displicência. Uma investigação feita com um simulador de direção pela Universidade de Leicester, no Reino Unido, revelou o comportamento de um motorista influenciado por um jogo de futebol que escutava pelo rádio.

Quando o ritmo do jogo do seu time aumentava, com o avanço para o ataque e a iminência de marcação de gol, o motorista reagia acelerando o veículo acima do normal. Durante o período do ataque de seu time, o motorista pisou fundo no acelerador, aumentando a velocidade do carro de 110 km para 124 km/h em 22 segundos. Qualquer coisa que mexe com as emoções provoca mudança no comportamento, com o aumento da adrenalina.

Mas a situação mais arriscada para o motorista, segundo o estudo canadense, é a presença de um inseto dentro do carro. Você já deve ter vivido essa experiência: a gente abre a janela na expectativa de que o bichinho seja sugado pra fora do carro, abana a mão no painel, bate no inseto com um pano, enfim: aparentemente insignificante, o inseto se transforma num imenso problema e ninguém no carro fica sossegado enquanto estiver na companhia dele.

O estudo revelou que a presença de um inseto no carro multiplica por 6,4 a probabilidade de um acidente.