Depois de uma maratona que começou em 21 de outubro, com a participação de 147 inscritos e mais de 30 reportagens enviadas, a Comissão Julgadora do Prêmio Autoinforme de Estudantes de Jornalismo escolheu reportagem – Salão do Automóvel 2016: um período para se reinventar – de autoria do estudante Everton Leontino Plínio, da Faculdade Sul Brasil, como a grande ganhadora de 2016. Além de fazer uma visita às fábricas da Hyundai em Anápolis e em Piracicaba, junto com os outros nove finalistas, Everton vai receber o prêmio principal um Notebook Del Inspiron 14 5000. Parabéns aos finalistas e a todos os que participaram do prêmio deste ano.

Esses foram os dez finalistas do Prêmio Autoinforme de Estudantes de Jornalismo, que teve o apoio da Hyundai.

Beatriz Boturão da Silva – Mackenzie

Caio Nogueira Antunes – Unimep

Claudio Junior Porto Santos – Uninove

Danielly do Nascimento Fernandes – Metodista

Ediglei Leandro de Sousa dos Santos – Metodista

Everton Leontino Plino – Faculdade Sul Brasil

Isadora Travagin – Mackenzie

Nicole Santana Perna – Uninove

Stephanie Frasson – ESPM

Verônica Rodrigues Monteiro – Universidade Guarulhos

A seguir, leia a reportagem ganhadora:

Salão do Automóvel, hora de se reinventar

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De tempos em tempos é preciso uma pitada de criatividade e inovação para superar obstáculos. E são os momentos difíceis que exigem essa renovação. Em época de retração financeira, sai na frente aquele que tem mais predicados para convencer o consumidor de que vale a pena investir o dinheiro no seu produto. Mas nem todos pensam assim.

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O Salão do Automóvel 2016 trouxe uma multiplicidade de estratégias de mercado. As diferentes perspectivas de marca para marca foram visíveis, bem como suas medidas para contornar a crise financeira que atingiu o Brasil e deixou algumas sequelas que ainda se arrastam no mercado.

O Salão dos SUV’s

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A principal estratégia foi apostar em demanda. Praticamente todas as marcas trouxeram utilitários esportivos, sejam compactos, de luxo ou crossovers, já que este é atualmente o segmento mais disputado e concorrido do mercado. E de fato, a concorrência foi grande: como destaque deste segmento, vale frisar a presença dos novos Creta (grande aposta da Hyundai para 2017) e New Tucson da Hyundai, Koleos e Captur da Renault, Tracker da Chevrolet, e WR-V da Honda. Esses lançamentos prometem acirrar a disputa no segmento.

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A preocupação das marcas com a conectividade cresce a cada ano. Em entrevista exclusiva, o diretor de marketing da Hyundai Motors do Brasil, Cassio Pagliarini, fala sobre as tecnologias presentes no Creta. “A conectividade nos representa que o carro não é mais apenas um meio de transporte. Encarar o carro como uma extensão do ser humano, ou como uma parte importante que deve fazer muito mais do que transportar uma pessoa do trabalho para casa, é algo que está cada vez mais em discussão. Por este motivo, o consumidor procura por conectividade nos veículos”, conta.

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Dentro deste segmento, todas as estratégias são válidas para chamar atenção dos clientes. A briga aquece ainda mais com os novatos que estrearam no salão. Entre eles, o destaque do evento foi o Hyundai Creta, que foi amplamente comparado ao sucesso do Jeep Renegade no salão de 2014. E apostando de forma agressiva, a marca trouxe dois modelos que são completamente novos, ou seja, não compartilham plataforma com outros projetos.

Sustentabilidade e Energias Alternativas

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Outra preocupação das marcas nesta edição do Salão de São Paulo foi a forma de trabalhar novas energias para mobilidade dentro do mercado automotivo. Os motores estão mais econômicos e menos poluentes, mas o maior destaque neste ramo foram os propulsores elétricos, híbridos ou movidos à célula de energia.

As marcas estão interessadas em mostrar para os consumidores consciência ecológica e preocupação com o futuro, embora muitas se limitem à exposição. Enquanto os carros elétricos são uma realidade no mundo todo, no Brasil esbarram nos altos impostos, o que torna os preços impraticáveis. Segundo Cassio, o custo de produção das baterias para carros elétricos eleva o valor final do veículo. “Em outros países, a mobilidade elétrica é encarada de uma maneira diferente por conta da forma com que é produzido energia no país, e os carros elétricos recebem um ‘tratamento’ tributário diferente para torná-los atrativos ao consumidor. No Brasil esta realidade ainda é um pouco distante, visto que a maior empresa estatal do país é petrolífera, e ainda trabalha com um combustível exclusivo do Brasil, o álcool de cana de açúcar”, explica.

Por este motivo o diretor de marketing da Chevrolet, Henry Stefan Soares, explica em entrevista exclusiva que o Bolt, modelo elétrico da GM que fez sucesso no salão, ainda não teve seu passaporte carimbado para o Brasil. “Apesar de ser um modelo que traria grande retorno para a marca, ainda não tem planos de ser importado”.

Embora esta realidade atrapalhe o desenvolvimento de novas tecnologias elétricas no Brasil, impulsiona o desenvolvimento de motores cada vez mais eficientes em termos de consumo e potência, como pode ser observado no número de lançamento em motores tricilíndricos ou motores cada vez menores para carros de segmentos superiores como SUV’s e sedans médios, bem como Cruze e Tracker 1.4 turbo

Na contramão desta realidade, a Toyota segue importando o Prius para as terras tupiniquins com vendas cada vez mais expressivas.

Os populares

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No segmento das marcas populares mosgtrou que ainda é digno de confiança dos seus consumidores. Algumas apostaram na qualidade e nas novidades dos seus produtos, como a Chevrolet, que bateu firme nos lançamentos Tracker e Cruze Sport6 e no seu sistema OnStar, que é novidade no mercado e um dos trunfos da Marca em relação à concorrência.

A Renault apostou em performance, mas não de seus modelos expostos. Este foi um dos estandes que mais trouxe cantores, artistas e números musicais para chamar atenção dos visitantes e imprensa para o seu lançamento, o  Captur.

A Fiat não trouxe novidades significativas para o Salão, apenas o seu novo motor de 3 cilindros que estreia no seu mais recente lançamento, Fiat Mobi. Volkswagen também não apresentou novidades significativas para o mercado, mas veio para sentir a aceitação em relação a conceitos que podem vir para as ruas brasileiras, como o Gol GT, que ressurge após décadas adormecido, e Golf GTI.

Marcas Premium

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Crise? No segmento Premium não conhecemos…
Após fechar 2015 com recordes de venda dos modelos GLA e CLA, a Mercedes Benz saiu ilesa da retração financeira. E ainda anunciou neste salão 20 lançamentos até 2020. Faltou o conceito picape Classe X, que foi anunciada, mas não deu as caras no Salão. Entre os destaques da Mercedes estiveram a nova versão AMG do sedã Classe E e o Classe S Maybach.

O gerente de vendas Gabriel Nogueira Valadão pontuou sobre as ambições da marca para os próximos anos. “Entre as marcas Premium, a Mercedes é a marca com o maior portfólio para atender todos os tipos de públicos. É a maior gama de produtos, que vão desde os superesportivos até SUVS’s e compactos. Os consumidores podem esperar cerca de 20 lançamentos até 2020, sendo que um deles assinala a estreia da marca no segmento de picapes”, explica.

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A alemã Audi apostou nos superesportivos, lançando 4 novos modelos, entre eles a nova geração do R8, que foi o destaque da marca. Os estandes das marcas premium sem dúvidas foram os que mais atraíram visitantes. Segundo o taxista Fabiano Martin, visitantes da feira, estar perto dos modelos destas marcas foi uma experiência interessante. “Acredito que, assim como eu, a grande maioria dos visitantes nestes estandes está tendo uma oportunidade única de chegar perto de modelos tão caros e exclusivos, como alguns carros da Porsche. E sem dúvida é algo que eu estou adorando”, comenta.

De passagem

Vários modelos apenas vieram para o Salão para dar um gostinho de quero mais aos brasileiros. Não foram poucos os modelos que estiveram apenas de passagem pelo país, sem chance alguma de serem encontrados nas concessionárias. É o caso da Ford F150 Raptor, modelo que chamou atenção pelos dotes off Road.

O diretor de marketing da Ford, Mauricio Greco, explica que alguns modelos não são viáveis no Brasil por inúmeras questões. “Apesar de notarmos um grande interesse do público em alguns carros que são comercializados em outros países, a pesquisa de intenção de compra é a última a ser feita antes de trazer um novo modelo para o Brasil. São realizadas pesquisas em relação a estilo, para um carro que agrade os brasileiros, pesquisas em relação à aplicação dele no país, e inclusive o valor dele para o consumidor final, se este valor vai atingir o público a que o modelo se destina. Por isso alguns modelos não fazem sentido no Brasil, mas fazem sucesso na Austrália, por exemplo. Porque a aplicação que os consumidores fazem do produto lá é diferente”, explica.

Porém, o número de modelos com plataforma global cresce a cada ano nos salões. Nesta edição, foram inúmeros carros apresentados que já eram ou serão conhecidos por consumidores de outras partes do mundo. “Tudo depende da viabilidade dos modelos. O Ka foi lançado na Europa e na Ásia com o mesmo design do Ka brasileiro. Mas isso exige uma série de adaptações. Um veículo que roda no Brasil não está preparado para rodar com o combustível europeu ou norte americano, ou com as condições climáticas de outro país”, pontua.

O Salão em Números

Apesar de um número de visitantes menor que o da edição de 2014, o público ficou satisfeito. Foram cerca de 715.477 pessoas que passaram pelo São Paulo Expo, e que garantiram ao evento uma aprovação recorde. Segundo a empresa Reed Exhibitions Alcantara Machado, responsável pelas pesquisas no evento, este foi o salão com o maior índice de satisfação desde 2008, quando a Reed começou a realizar as medições para a GL Events, responsável pela administração do Salão do Automóvel.

O diretor do evento, Leandro Lara, comentou sobre os desafios de organizar o maior evento privado da América Latina. “Nós estimamos que cerca de 16 mil pessoas estejam envolvidas diretamente na organização deste evento. Foram 24 meses de planejamento, considerando as variáveis de infra estrutura e mobilidade”. Um destes desafios foi a queda de energia no pavilhão no primeiro dia de exposição para imprensa, durante a apresentação da Peugeot.

A maior reclamação dos visitantes em relação aos anos anteriores era em relação à infraestrutura do Anhembi, onde era realizado o evento. “Em termos de infraestrutura, conseguimos trazer mais praças de alimentação, ambiente climatizado, estacionamento coberto com 4.500 vagas, mais sanitários, pontos que são sensíveis para os visitantes”. Além do pavilhão, foram 20 mil m² de área para test drive, que atraíram cerca de 40 mil visitantes para a parte externa do salão.

Como todos os eventos, foi preciso contornar alguns problemas. O principal deles foi o trânsito, a única reclamação dos visitantes. O professor universitário Beto Martins conta que enfrentou trânsito pesado em todos os dias do evento. “Era um desafio sair do salão. Após o horário de fechamento do evento, às 22 horas, era impossível sair do local. Cheguei a ficar uma hora e meia em congestionamento”, conta. Para o acesso ao pavilhão, a organização do evento disponibilizou transporte gratuito da estação de metrô Jabaquara até a São Paulo Expo.

A estimativa da organização é de que o salão tenha gerado cerca de 370 milhões de reais em retorno para a cidade de São Paulo. Foram mais de 100 expositores, entre montadoras, revistas especializadas, e marcas de produtos relacionados a carros.

O Salão se encerrou no dia 20 de novembro, totalizando 11 dias de exposição. Mas Leandro conta que o trabalho na acaba. “Nós encerramos um salão já pensando no próximo. Um trabalho árduo, mas que traz imensa alegria quando vemos a satisfação dos visitantes”. A próxima edição irá ocorrer em 2018, ainda sem data definida.

Veja as entrevistas transmitidas ao vivo que foram feitas pelo ganhador e posteriormente usadas para a elaboração do texto:

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Everton Leontino