Uma visita a nascente do Rio Tietê em Salesópolis. Expedição vai visitar ainda as cidades do Médio Tiete e a foz, no rio Paraná

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Já imaginou beber a água do Rio Tietê? Certamente você já ouviu histórias como essa da época em que o rio tinha águas limpas. Mas saiba que ainda hoje é possível beber água diretamente do rio mais importante do Estado de São Paulo. Foi isso que fomos conferir a bordo do Citroën Aircross para comemorar o 22 de setembro, Dia do Tietê.

Não, não tomamos a água que passa sob a ponte das Bandeiras, onde o rio atinge a categoria 4, classificação de rio morto, mas sim o líquido cristalino que brota na nascente em Salesópolis, há 109 quilômetros de São Paulo, no Parque Nascente do Tietê, situado numa área de 134 hectares de mata preservada a mais de 1000 metros de altitude.

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São quatro ou cinco minas d’água quase imperceptíveis; poucos metros adiante já se forma uma vertente, onde os visitantes do Parque tomam água diretamente da bica. Só na área do parque, outras dezenas de nascentes alimentam o rio, que em toda a região de Salesópolis é alimentado por outras 400 nascentes.

O triste é que já em Biritiba Mirim, a poucos quilômetros dali, o rio começa a se deteriorar, após receber esgoto doméstico e poluição industrial, caindo rapidamente para os níveis dois e três e chegando a São Paulo já na condição de rio morto, categoria 4. O incrível é que logo após a Capital, ele segue para o interior e as suas águas vão se recuperando de tal forma que, ao completar 1,1 mil quilômetro, na foz em Itapura, ele volta a receber classificação 1, ou seja, torna-se outra vez um rio saudável.

A nova avaliação das suas águas, que é feita uma vez por ano, será divulgada nesta sexta-feira, 22, pela SOS Mata Atlântica.

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Esta é a primeira parte da nossa Expedição ao longo do Tietê, que terá ainda uma visita à região do Médio Tietê, onde o rio inicia o processo de despoluição, e outra na sua foz, no rio Paraná, onde vamos tentar pescar um dourado, como se fazia nas águas cristalinas que serviam a capital paulista no início do século.

A nascente foi descoberta em 1954, na comemoração dos 400 anos de São Paulo, mas o parque foi instituído somente em 1996. O lugar é prazeroso, com trilhas para passeio pela mata, que foi totalmente reconstituída, uma vez que o local já abrigou produção de carvão, criação de gado e plantação de eucalipto, tendo sido totalmente devastado da mata original.

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O técnico em meio ambiente Daniel Arruda, guardião da nascente, indica aos visitantes, com a ajuda de uma vara de bambu, os primeiros olhos d´água que formam o grande rio. Todos os dias ele recolhe um balde d´água durante um minuto para fazer a medição da vazão, que varia conforme a época do ano e as condições climáticas. No dia da nossa visita a placa informava uma vazão de 3.441 litros por hora, mas a variação é grande: na crise hídrica chegou a 2.300 litros/hora e na cheia de 2009 atingiu sete mil.

O Parque do Tietê é uma grande oportunidade para conhecer de perto uma raridade: crianças e adultos se encantam com a possibilidade de beber água direto da fonte, o que era comum há algumas décadas em zonas rurais de cidade do interior, mas hoje é raríssimo. A estrutura do parque permite uma visita agradável, a distância de São Paulo é de apenas 130 km, viagem que, com o Aircross, fizemos em menos de duas horas com tranqüilidade e paradas pelo caminho.

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O passeio é agradável, com parte da viagem feita pela rodovia Airton Senna/Carvalho Pinto até a saída 83A, que indica Santa Branca e Salesópolis e cerca de 50 quilômetros até a entrada na nascente, quando é preciso enfrentar mais seis quilômetros de uma boa “estrada de chão”.

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No caminho até o parque, a região oferece opções de paragem para um café, uma visita ao alambique Canabella, onde é possível conhecer o processo de produção de uma das melhores cachaças do Brasil. Uma boa opção é um almoço preparado no forno à lenha no restaurante Nhá Luz, onde se pode comprar também doces caseiros, bebidas artesanais e a água do Tietê engarrafada.

Na tranquilidade da rodovia Carvalho Pinto, o Citroën Aircross atingiu facilmente a velocidade máxima, mostrando bom desempenho em médias e altas velocidades e eficiência nas retomadas. O carro tem uma direção leve, fácil de manejar e dá uma boa sensação de conforto, com bom espaço interno e um porta malas que garantiram o transporte das coisas que encontramos pelo caminho: os doces do restaurante Nhá Luz, as garrafas (lacradas, para não beber ao dirigir) de Canabella, linguiça caseira, potes de água do Tietê e até um ovo de avestruz, obtido na granja do hotel Rural Vale das Nascentes, no caminho da nascente: uma gostosa opção para quem preferir ampliar a viagem e fazer um pernoite.

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O roteiro permite um bom teste de direção, com trechos de curvas acentuadas na serra que liga Salesópolis a Paraibuna, já no retorno a São Paulo.

Falta ao Parque Nascentes do Tietê uma estrutura compatível com a importância do rio. Além da nascente em si, há apenas uma exposição de fotos em duas salas do pequeno museu, e uma série de garrafas com água de várias partes do rio, começando com o cristalino líquido da nascente, passando pela água turva dos municípios ainda do Alto Tietê, atingindo a água escura da Capital. Em seguida, o visitante acompanha o embranquecimento da água dos potes, na medida em que o rio avança para o interior.

Falta uma exposição mais completa, que conte a história do lugar e do rio; falta um restaurante ou ao menos uma lanchonete, um bom lugar para que os visitantes possam se alimentar, fazer um pique-nique, desfrutar um pouco mais da natureza.

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Importante na colonização do Brasil, o rio Tietê foi rota dos Bandeirantes, que romperam o Tratado de Tordesilhas (documento que dividia o Brasil entre Portugal e Espanha), quando, através dele avançaram pelo interior, iniciando a devastação, disseminando o terror e escravizando índios que habitavam o Estado de São Paulo, assim como impondo a cultura dos invasores.

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Ao contribuir para a fertilização do solo, as margens do Tietê atraíram as primeiras povoações por onde passava rumo ao interior, sendo a referência até hoje de cidades como Araçariguama, Pirapora, Salto, Itu. Esta será a segunda etapa da nossa expedição Caminhos do Tietê.