Macacão, capacete e pé na tábua. O repórter vira piloto por um dia

Os preparadores do HB20 de competição dizem que o carro ”não mudou nada”, que é o mesmo HB20 que o consumidor encontra nas concessionárias. Mas as poucas adaptações feitas para ele enfrentar as pistas transformam o Hyundai HB20 num carro de competição: o motor ganhou mais potência, 156 cavalos (contra 128 do modelo original), a suspensão foi rebaixada e o interior depenado: sem bancos, sem forrações, deixando o carro 50 quilos mais leve. Parece pouco, mas ao acelerar na pista você vai perceber que ele se transformou em um autêntico carro de corrida.

Foto: Rodrigo Aguiar Ruiz

Pra começar, ao entrar no carro você sente a diferença. Na verdade você não entra; você “veste” o carro: encaixa a bunda no banco apertado e é atado ao cinto de segurança de oito pontos, não sem antes retirar o volante, caso contrário é impossível driblar os tubos do santantonio para entrar no carro. Balaclava, capacete e pau na máquina! Enfia o pé no acelerador para manter o giro bem alto, caso contrário o carro morre.

Foto: Rodrigo Aguiar Ruiz

Não tem nada a ver com um carro de rua. A direção é dura, o freio é duro, mas a sensação de acelerar um carro de corrida é enorme. Depois de uma aulinha teórica e duas voltinhas ao lado do piloto, estou pronto para dar a largada. E não é que toda aquela parafernália – macacão, capacete e equipamentos – emponderam a gente? Ainda mais com o piloto instigando você a sentar o pé na tábua.

Foto: Rodrigo Aguiar Ruiz

A primeira volta é para conhecer a pista, saber como fazer uso da marcha ideal em cada curva, em cada saída, até onde pode esticar a marcha na reta; qual o momento certo para frear antes da curva. Na segunda volta a gente já se sente um piloto, abusando da velocidade, acelerando ao máximo para diminuir o tempo do circuito. Pena que a brincadeira é só de algumas voltas no Velopark, um circuito pequeno, de apenas 2.278 metros, mas que provoca muita adrenalina.

Foto: Rodrigo Aguiar Ruiz

Este é o primeiro ano da Copa HB20, que tem a coordenação de Daniel Kelemen, idealizador e diretor da empresa que administra a competição. O objetivo de Daniel, que também é piloto, é usar a Copa HB20 para oferecer uma oportunidade para pilotos que estão sem atividade, além de descobrir novos talentos.

Mesmo antes de completar um ano (a última etapa de 2019 será dia 8 de dezembro, em Interlagos), Daniel já comemora o sucesso e credita isso, entre outras coisas, ao formato diferente do projeto, onde os pilotos têm uma estrutura oferecida pela própria organizadora, que se responsabiliza por tudo: carro, transporte, mecânicos, preparadores, seguro, carro reserva etc.

Foto: Cleocinei Zonta/RR Media

“O piloto pega o avião, chega no autódromo e vem acelerar. Só trás o capacete”, explicou Daniel. Tudo ao custo de R$ 180 mil por todo o campeonato, que compreende 16 corridas em oito autódromos.

Alexandre Rheinlander, o responsável pela preparação dos motores, explica que o carro é o mesmo HB20 de rua, com mudanças mínimas para adaptá-lo às pistas, como alterações na injeção eletrônica, no escapamento, na parte de baixo do carro para aguentar o tranco das corridas, além do aumento da potência e do rebaixamento/reforço da suspensão, para dar estabilidade ao carro.

Foto: Rodrigo Aguiar Ruiz

Líder depois de seis etapas, o piloto Raphael Abatte é um dos pilotos experientes que abraçaram a Copa HB20, ele que já correu na Fórmula Ford, na Fórmula 3 e tem experiência em autódromos dos Estados Unidos e Europa.

Veja a classificação: