Em cinco de julho de 1979, ganhava as ruas o primeiro carro fabricado em série movido a etanol

Pioneira na fabricação em série do motor movido a etanol, a Fiat comemora 40 anos do modelo 147, que logo foi apelidado de Cachacinha, por causa do odor de álcool exalado pelo escapamento. O lançamento foi um marco importante na engenharia automotiva brasileira, que a partir daquele dia 5 de julho de 1979 engatou uma marcha na direção do desenvolvimento de tecnologias em prol de veículos mais eficientes e menos poluentes.

Para celebrar o aniversário de quatro décadas, a marca italiana convidou a Autoinforme para conhecer a primeira unidade do 147. Mais ainda, para acelerar o carro na pista de testes da fábrica de Betim (MG).

O exemplar raro – que na época foi vendido para o Ministério da Fazenda em Brasília – faz parte nos dias de hoje do acervo de clássicos da Fiat e está praticamente original, sem restauração.

FCA – Fiat Chrysler Automobiles . Foto Leo Lara/Studio Cerri

“É emocionante ver esse carro de perto não só pela importância de ser realmente o primeiro Fiat 147 a etanol, mas também por estar funcionando perfeitamente, com todos os elementos de época originais, como partida a frio e afogador, além de preservar a tampa vermelha do motor e a pintura original, com direito alguns toques de batida de porta”, afirma Robson Cotta, gerente de Engenharia Experimental da Fiat Chrysler Automóveis (FCA).

FCA – Fiat Chrysler Automobiles . Foto Leo Lara/Studio Cerri

Sessão nostalgia  

Confesso que me emocionei ao ver o Fiat 147, logo me veio lembranças a bordo do pequeno grande modelo, que fazia parte da família na década de 1980 e com o qual aprendei a dirigir, aos 13 anos de idade.

Ao entrar no carro, segui o ritual que meu tio fazia para sair rodando. Coloquei o cinto abdominal (naquela época não existia o transversal), ajustei o banco sem encosto de cabeça e os retrovisores interno e externo do lado esquerdo (o retrovisor do lado direito não existia na época). Ao dar a partida, segurando na ignição por alguns segundos e com o pé em meio curso no pedal do acelerador, logo senti aquele cheiro do etanol no seu interior.

Ao meu lado, como passageiro, Robson Cotta, gerente de engenharia da FCA, perguntou se eu já tinha guiado um Fiat 147

Com o carro ajustado, motor ligado, era hora de relembrar a tocada. Engatei a primeira não sem antes colocar a segunda marcha, manhã que aprendi com meu tio para não arranhar o câmbio. Mesmo assim, fiquei na duvida se tinha engatado.

– Pelo jeito você já dirigiu um Fiat 147, perguntou Robson Cotta, quando percebeu minha intimidade com o carro. Disse que estava cansado de ouvir arranhadas nos engates.

– O engate mal feito dói como uma facada.

FCA – Fiat Chrysler Automobiles . Foto Leo Lara/Studio Cerri

Diferente dos carros de hoje, onde tudo tem assistência, a experiência é mais direta, ao rodar você sente a direção e freios mais duros, dando mais trabalho ao motorista: a direção não é hidráulica e não tem servo freio deixando o pedal mais duro e mais lento.

Com suspensão independente nas quatro rodas e câmbio com relação curta, o pequeno 147 que pesa 780 kg tem boa estabilidade e acelera bem.

Bateu saudades. Ainda vou ter um.

FCA – Fiat Chrysler Automobiles . Foto Leo Lara/Studio Cerri

 Porque a Fiat acredita no etanol

Depois de a Fiat desenvolver e produzir em série o primeiro motor movido a etanol no mundo, FCA está preparando o primeiro motor turbo a etanol, que promete chegar ao mercado brasileiro no transcorrer do ano que vem e, segundo a montadora, como um dos mais eficientes motores fabricados e vendidos no País.

Mas João Irineu, diretor de Assuntos Regulatórios da montadora, afirma que ele representará mais ainda. Será, no entender do executivo, também a terceira fase da história do etanol, iniciada nos anos 70 e que teve uma segunda etapa, após declínio no mercado ao longo dos anos 90, com a introdução da tecnologia flex em 2003.