– Luiz Moan, presidente da Anfavea, acha que a alternativa para a redução das emissões é a célula de combustível

A busca por combustíveis alternativos é imperiosa para qualquer montadora em qualquer lugar do mundo. O setor automobilístico vive um claro momento de transição, contando com experiências de todo tipo e cada um aposta na alternativa que considera a mais adequada e que tem melhores condições de atender a demanda por fontes menos poluentes.

Mesmo sem receber atenção do governo, que ignora as alternativas energéticas, carros elétricos e híbridos começam a surgir comercialmente no mercado brasileiro. Os elétricos não estão enquadrados em nenhuma condição especial em relação à tributação, como acontece em outros países, ao contrário, eles são atingidos por uma carga tributária ainda maior do que o carro com motor à combustão. Recentemente o governo baixou uma portaria aliviando o imposto para carros híbridos em até 0%, o que reduziu o preço final, mas está longe de ser um carro competitivo.

Enquanto algumas marcas como a Toyota e a Honda investem no híbrido e outras, como Nissan e Renault no elétrico, há quem esteja satisfeito com o uso do álcool, combustível muito elogiado em vários países e tido como a grande alternativa real de redução de emissões pelos veículos automotores; ou ainda o biodiesel, outro combustível renovável.

Mas para o presidente da Anfavea, a associação dos fabricantes de veículos, Luiz Moan, tudo isso é temporário; ele acha que há espaço para todas as experiências e algumas delas podem conquistar alguma participação significativa no mercado, mas o combustível do futuro não é nenhum desses e sim o hidrogênio.

“Não é álcool, não é híbrido, nem plug-in. O futuro é a célula de combustível, que usa hidrogênio para gerar energia elétrica”, definiu o dirigente, destacando que, entre as vantagens do combustível estão a facilidade de abastecimento e a grande autonomia. Moan lembra que Honda e Toyota estão nesse momento finalizando sues modelos movidos a célula de combustível.

Moan explica que a célula de combustível permite o uso de outras fontes, que podem ser transformadas em hidrogênio.

“O hidrogênio pode ser produzido a partir do gás ou do etanol, que, além, de ser o combustível mais seguro para a saúde, é o segundo melhor combustível líquido para retirar o hidrogênio o primeiro é o metanol. Quer dizer: o carro a hidrogênio vai utilizar o nosso álcool”.

Segundo Moan, basta um aparelho reformador para transformar o álcool em hidrogênio, que pode ser colocado no posto de combustível, sem grandes investimentos na rede de alimentação, como teria que ocorrer caso a matriz energética fosse a energia elétrica.

Para o presidente da Anfavea, o governo deveria estimular a criação de tecnologias alternativas, desonerar e criar linhas de financiamento especiais para veículos que oferecerem equipamentos que reduzirem o consumo.

“Assim como na Europa, onde todo equipamento de segurança não recolhia imposto para estimular a indústria a produzir carros mais seguros, o governo poderia desonerar veículos que apresentassem melhorias em relação a redução de consumo”, disse Moan. E deu um exemplo:

“Imagine um sistema start-stop (que desliga o motor quando para) em caminhões de lixo? Isso reduziria imensamente o gasto de combustível e as emissões de poluentes nas cidades”.