O Carro é o elemento impulsionador do movimento do século XXI, tanto no sentido literal, de mobilidade individual, quanto no sentido econômico, de mobilizar toda a economia de um país ou de uma região.

É o herói e o vilão da sociedade moderna, proporcionando números astronômicos por um lado de produção, vendas e por outro de congestionamentos e poluição, resultado com alto custo social

Assim, da mesma forma que oferece soluções, cria problemas

É um grande gerador de serviços, pois a cadeia que se cria para a sustentação do seu curso de vida faz o carro continuar criando empregos e arrecadando impostos desde que deixa a linha de montagem até a hora que é escrapeado no ferro velho. Isso sem contar o ciclo de vida anterior à sua produção, que envolve a extração de matérias primas e a criação de um parque de fornecedores e também o ciclo ambiental, que ainda sobrevive mesmo depois que o carro chegar ao fim, uma vez que hoje a sociedade exige a logística reversa, com o recolhimento de todos os resíduos resultantes do uso de um produto. E é de responsabilidade do fabricante.

Um retrato do mundo do automóvel

Os maiores produtores de veículos (2014)

China 23.722.890
USA 11.660.689
Japão 9.774.558
Alemanha 5.907.548
Coreia 4.524.932
Índia 3.840.160
Brasil 3.146.118
México 3.365.306
Canadá 2.393.890
10º Tailândia 1.580.007

“Saem mais carros das linhas de montagem

do que crianças das maternidades”

(São Paulo: 600 bebês, 800 carros/dia

China: 15 milhões de bebês, 22 milhões de carros/ano)

Evolução da China
(Produção de 2000 a 2014)

grafico

Há 15 anos a China resolveu produzir carros e nesse pequeno período histórico se transformou no maior produto mundial, deixando EUA (ex-líder) e Japão para trás

O país tem 150 marcas de carros (ou melhor, tinha em 2014. Hoje deve ter mais)

Brasil

Grande crescimento: vendas aumentaram 140% em sete anos.

Sobraram razões para esse desempenho:

– Crescimento da renda do brasileiro

– Milhões que entraram no mercado de consumo

– Governo liberou crédito
– Os carros ficaram mais baratos

– Indústria ampliou consideravelmente a capacidade de produção

– Brasil conta com todas as principais montadoras do mundo

Vai continuar crescendo

Vai crescer ainda mais, porque o Brasil ainda é carente de transporte, tanto público quanto individual

O Brasil tem uma relação habitante/veículo ainda muito fraca. São 5,4 habitantes por veículo. Está reduzindo rapidamente: em 2000 eram 8,4 hab/veículo.

A grande concorrência também contribui para o aqueci,mento do mercado e a redução do preço, criando melhores condições de compra. O Brasil tem hoje 51 marcas, 300 modelos e 1.200 versões de carros de passeio (fora caminhões e ônibus) à disposição do consumidor.

E o investimento não para: agora são as marcas de luxo que estão construindo no Brasil com novas fábricas: Mercedes-Benz, Land Rover, Audi, Honda.

Rumo ao interior

Estudo da Anfavea revela que as grandes cidades estão comprando menos carros (proporcionalmente) e as pequenas menos. São Paulo cresceu só 6% em sete anos e cidades com menos de cinco m Il habitantes cresceram 142%.

As vendas cresceram, na média, 53% de 2007 a 2013

 

Municípios Crescimento
Até 5 mil habitantes 142%
Mais de 5 mil até 10 mil 124%
Mais de 10 mil até 20 mil 98%
Mais de 20 mil até 50 mil 106%
Mais de 50 até 100 mil 65%
Mais de 100 mil até 500 mil 73%
Mais de 500 mil 40%
Mais de 10 milhões ( São Paulo) 6%
Tecnologia e inovação

O Brasil, hoje, tem a tecnologia mundial à disposição. Claro que isso ocorre apenas nos modelos importados e topo de linha, mas a tecnologia de ponta chega a uma parcela do consumidor brasileiro.

Assim, temos ou teremos em breve aqui:

O carro elétrico

O carro híbrido

O carro à célula de combustível

O carro autônomo, que anda sozinho

Tem até um carro autônomo sendo desenvolvido pela USP de São Carlos, em processo bastante adiantado

O futuro da mobilidade

Será que haverá uma mudança radical na nossa forma de se locomover?

Metrô?
Ônibus?
Vans?
Carro elétrico?
Bicicleta?
Avião pessoal?
Trem bala?

Será o carro voador?

O mundo está cada vez mais  diversificado; haverá espaço para todas as formas de mobilidade, dificilmente a atual (gasolina) ou uma futura (eletricidade) energia vai dominar a mobilidade, Deverá haver espaço para todas as tecnologias.

Recentemente duas grandes montadoras mundiais, BMW e Toyota, declararam quem vão simplesmente acabar com carros a combustão. Todos os seus veículos serão elétricos ou híbridos nos próximos dez (BMW) e vinte e cinco (Toyota) anos.

Jornalismo Automotivo

A Quatro Rodas é o ícone do jornalismo automotivo no segmento de revistas, ainda hoje líder em tiragem e vendas. Outras revistas de destaque são AutoEsporte, Carros, Car and Drive, entre outras.

O Jornal do Carro é o pioneiro e ícone no setor de jornal. Depois dele e do suplemento Veículos, da Folha, todos os grandes jornais criaram suplementos de automóveis e hoje, os grandes, os médios e os pequenos têm a sua seção para tratar do setor automotivo.

Da mesma forma, as assessorias de imprensa se multiplicaram e se sofisticaram, ampliando o volume de informação oferecida aos veículos de informação.

O setor automotivo é um dos mais importantes do jornalismo brasileiro, oferecendo inúmeras possibilidades no mercado de trabalho para novos jornalistas.

Oportunidades

O setor de veículos é tão amplo que os profissionais já se especializam em seus subsegmentos, uma vez que existem publicações especializadas em

Moto

Caminhão

Picape

Aventura

Esporte

Indústria

Revenda

Varejo

Testes

Mobilidade

Mercado

Máquinas agrícolas

Antigomobilismo

Dicas

1) Assessoria de Imprensa.

A assessoria de imprensa é um tremendo apoio ao jornalista, sem ela não se faria jornal hoje no Brasil. Mas é preciso saber usar as informações vindas das fontes. Lembrando sempre que Jornalismo é o que interessa ao seu leitor/ouvinte/telespectador/internauta e não à fonte. O release é importante para lhe dar informações. mas ele não deve substituir o seu texto.

2) Cuidado com os estrangeirismos. Estrangeirismos e principalmente os inglesismos, e os neologismos. O setor automobilístico exagera no uso de palavras e expressões estrangeiras. Lembre-se sempre quem você está escrevendo na língua portuguesa, riquíssima em palavras e termos que podem explicar TUDO, sem necessidade de recorrer a termos estrangeiros. Veja abaixo uma recente coluna sobre o assunto publicada no Diário de S. Paulo:

 

Ai espique pórtuguis
Joel Leite

A indústria automobilística exagera nos termos estrangeiros, principalmente em inglês: tudo é escrito na língua de Shakespeare: o slogan da montadora, o nome do carro, equipamentos, peças e componentes, cargos. Bolsa de ar é airbag, presidente é C.E.O., fazer reserva é save the date, almoço é brunch, intervalo para o cafezinho é coffee break. O tanque do carro, observe: não está vazio ou cheio, mas empty ou full. Liga e desliga virou start and stop. Onde vamos parar? Dia desses recebi um comunicado de uma montadora, que se chama “press release”. Veja se você entende alguma coisa:

“O carro traz o Infotainment com a tecnologia App-Connect, que reúne os sistemas MirrorLink, Apple CarPlay e Google Android Auto. Os novos sistemas de Infotainment são o “Composition Media”, o “Discover Media” e o “Discover Pro”. O carro é oferecido nas versões Comfortline e Highline, equipados com motor 1.4l TSI BlueMotion Technology de 140 cv e transmissão automática DSG de 7 velocidades com função Tiptronic.

3) Pensar a pauta. Ao discutir uma pauta, pensar no ponto de vista do seu leitor. Será que o tema interessa a ele? Com a estratégia das assessorias de lançamento e comunicados à imprensa, as montadoras é que acabam “pautando” os veículos. É comum você comprar os jornais de carros da semana e ver a manchete do mesmo assunto em cada um deles, em todo o país. Para se diferenciar nesse mar de mesmice é preciso refletir um pouco mais sobre o que vai publicar, sobre a forma que vai publicar, sob o ângulo que vai publicar.

Documentário recomendado: A guerra que você não vê: https://www.youtube.com/watch?v=pskjzl2czKg

 

Leitura recomendada:

A magia do jornalismo
Carlos Alberto Di Franco

Gay Talese, um dos fundadores do New Journalism (novo jornalismo), uma maneira de descrever a realidade com o cuidado e o talento de quem escreve um romance, foi a grande estrela da Festa Literária Internacional de Paraty. Sua crítica da mídia pode parecer radical e ultrapassada. Mas não é. Na verdade, Talese é um enamorado do jornalismo de qualidade. E a boa informação, independentemente da plataforma, reclama talento, rigor e paixão.

Segundo Talese, a crise do jornalismo está intimamente relacionada com o declínio da reportagem clássica. “Acho que o jornalismo e não o Times, está sendo ameaçado pela internet”, disse Talese à revista Época. “E o principal motivo é que a internet faz o trabalho de um jornalista parecer fácil. Quando você liga o laptop em sua cozinha, ou em qualquer lugar, tem a sensação de que está conectado com o mundo. Em Pequim, Barcelona ou Nova York…Todos estão olhando para uma tela de alguns centímetros. Pensam que são jornalistas, mas estão ali sentados, e não na rua. O mundo deles está dentro de uma sala, a cabeça está numa pequena tela, e esse é o seu universo. Quando querem saber algo, perguntam ao Google. Estão comprometidos apenas com as perguntas que fazem. Não se chocam acidentalmente com nada que estimule a pensar ou a imaginar. Às vezes em nossa profissão, você não precisa fazer perguntas. Basta ir às ruas e olhar as pessoas. É aí que você descobre a vida como ela realmente é vivida.”

A crítica de Talese, algo precipitada e injusta com o jornalismo digital, é um diagnóstico certeiro da crise do jornalismo impresso. Os jornais perdem leitores em todo o mundo. Multiplicam-se as tentativas de interpretação do fenômeno. Seminários, encontros e relatórios, no exterior e aqui, procuram, incessantemente, bodes expiatórios. Televisão e internet são, de longe, os principais vilões. Será? É evidente que a juventude de hoje lê muito menos. No entanto, como explicar o estrondoso sucesso editorial do épico “O Senhor dos Anéis” e das aventuras de Harry Potter? Os jovens não consomem jornais, mas não se privam da leitura de obras alentadas. O recado é muito claro: a juventude não se entusiasma com o produto que estamos oferecendo. O problema, portanto, está em nós, na nossa incapacidade de dialogar com o jovem real. Mas não é só a juventude que foge dos jornais. A chamada elite, classes A e B, também tem aumentado a fileira dos desencantados. Será inviável conquistar toda essa gente para o mágico mundo da cultura impressa? Creio que não. O que falta, estou certo, é realismo e qualidade.

Os jornais, equivocadamente, pensam que são meio de comunicação de massa. E não são. Daí derivam erros fatais: a inútil imitação da televisão, a incapacidade para dialogar com a geração dos blogs e dos videogames e o alinhamento acrítico com os modismos politicamente corretos. Esqueceram que os diários de sucesso são aqueles que sabem que o seu público, independentemente da faixa etária, é constituído por uma elite numerosa, mas cada vez mais órfã de produtos de qualidade. Num momento de ênfase no didatismo e na prestação de serviços – estratégias úteis e necessárias-, defendo a urgente necessidade de complicar as pautas. O leitor que precisamos conquistar não quer o que pode conseguir na TV ou na internet. Ele quer qualidade informativa: o texto elegante, a matéria aprofundada, a análise que o ajude, efetivamente, a tomar decisões.

A receita de Talese demanda forte qualificação profissional. “A minha concepção de jornalismo sempre foi a mesma. É descobrir as histórias que valem a pena ser contadas. O que é fora dos padrões e, portanto, desconhecido. E apresentar essa história de uma forma que nenhum blogueiro faz. A notícia tem de ser escrita como ficção, algo para ser lido com prazer. Jornalistas têm de escrever tão bem quanto romancistas”. Eis um magnífico roteiro e um formidável desafio para a conquista de novos leitores: garra, elegância, rigor, relevância.

O nosso problema, ao menos no Brasil, não é de falta de mercado, mas de incapacidade de conquistar uma multidão de novos leitores. Ninguém resiste à matéria inteligente e criativa. Em minhas experiências de consultoria, aqui e lá fora, tenho visto uma florada de novos leitores em terreno aparentemente árido e pedregoso. O problema não está na concorrência dos outros meios, embora ela exista e não pode ser subestimada, mas na nossa incapacidade de surpreender e emocionar o leitor. Os jornais, prisioneiros das regras ditadas pelo marketing, estão parecidos, previsíveis e, conseqüentemente, chatos.

A revalorização da reportagem e o revigoramento do jornalismo analítico devem estar entre as prioridades estratégicas. É preciso seduzir o leitor com matérias que rompam com a monotonia do jornalismo declaratório. Menos Brasil oficial e mais vida. Menos aspas e mais apuração. Menos frivolidade e mais consistência. Além disso, os leitores estão cansados do baixo-astral da imprensa brasileira. A ótica jornalística é, e deve ser, fiscalizadora. Mas é preciso reservar espaço para a boa notícia. Ela também existe. E vende jornal. O leitor que aplaude a denúncia verdadeira é o mesmo que se irrita com o catastrofismo que domina muitas de nossas pautas.

Perdemos a capacidade de sonhar e a coragem de investir em pautas criativas. É hora de proceder às oportunas retificações de rumo. Há espaço, e muito, para o jornalismo de qualidade. Basta cuidar do conteúdo. E redescobrir uma verdade constantemente reiterada pelo jornalista Ruy Mesquita: o bom jornalismo é “sempre artesanato.”