A bordo da SW4, visitamos a fascinante Costa dos Corais, a maior área de conservação ambiental marinha do Brasil

Costa dos Corais

O pescador, que se revoltava quando uma tartaruga, um peixe boi ou um golfinho se enroscava na rede e lhe trazia prejuízo, transformou-se no principal agente ambiental, protetor das mesmas espécies que matava para não comprometer seu ganha-pão. Essa transformação se deu por intermédio daquela palavrinha que faz as pessoas mudar o mundo: educação.

Um trabalho difícil, demorado e caro, e permanentemente colocado em cheque por boa parte da população, acostumada aos velhos conceitos de desprezo pela fauna e flora, desrespeito ao meio ambiente, gente que questiona a compatibilidade entre o desenvolvimento e a preservação ambiental.

A preservação contribuiu para o aumento do turismo de visitação

A preservação contribuiu para o aumento do turismo de visitação

Essa luta foi iniciada, de forma sistemática, há vinte anos na área costeira do Sul de Pernambuco e em Alagoas, com a construção da APA Costa dos Corais, a maior área de conservação ambiental marinha do Brasil e o maior conjunto de recifes do mundo.

Visitamos esse paraíso formado por 440 mil hectares em 13 municípios, de Tamandaré-PE a Maceió-AL, entre eles as cidades de: Barreiros, São José da Coroa Grande, Maragogi, Porto Calvo, Japaratinga, Porto de Pedras, São Miguel dos Milagres, Passo de Camaragibe, São Luís do Quitunde, Barra de Santo Antônio, Paripueira. Um roteiro que incluiu a soltura do peixe-boi Diogo e uma visita ao Instituto Biota de Conservação, que cuida das tartarugas marinhas. Uma expedição feita a bordo da picape Toyota Hilux e do utilitário esportivo SW4, o que contribuiu para a facilidade o conforto das visitas, embora não tenhamos utilizado todo o potencial dos veículos, pois as estradas do litoral alagoano são de fácil circulação.

A ação de ambientalistas junto à população transformou a relação das comunidades locais com o meio ambiente, e contribuiu para a melhoria das condições de vida e crescimento da economia local, incentivando especialmente o turismo de observação.

Mauro Maida, oceanógrafo e conselheiro do Instituto Recifes Costeiros

Mauro Maida, oceanógrafo e conselheiro do Instituto Recifes Costeiros

Mas o trabalho de conscientização com moradores não foi fácil. Mauro Maida, oceanógrafo e professor da Universidade Federal de Pernambuco, explica que houve muita resistência por parte dos pescadores, já que a iniciativa restringe a segunda maior atividade econômica na área delimitada.

“No início muitos pescadores reclamaram, mas hoje são favoráveis. Perceberam que os peixes maiores e crustáceos aos poucos voltaram a colonizar a área e passaram a frequentar a região”.

Dócil e brincalhão, o peixe boi sai seguidamente fora da água para respirar

Dócil e brincalhão, o peixe boi sai seguidamente fora da água para respirar

Em parceria com o Instituto Chico Mendes e a SOS Mata Atlântica, o projeto ganhou fôlego com o apoio da Fundação Toyota do Brasil, que contribui com uma verba fixa de R$ 500 mil por ano desde 2011, além, de aportes variáveis por projetos que são decididos a cada ano de atuação.

A ação na Costa dos Corais está centrada em três grandes setores: a preservação dos corais em Tamandaré, o resgate a soltura dos peixes-boi em Porto de Pedras e o manejo e soltura de tartarugas nos municípios alagoanos de Maceió, Paripueira e Barra de Santo Antônio, das quais falaremos separadamente em reportagens nos próximos dias no Portal ECOinforme.

Jangadeiros da Rota Ecológica

Jangadeiros da Rota Ecológica

Com a transformação do inimigo em aliado, proposta que já tinha obtido êxito em outras ações ambientais, os gestores da Costa dos Corais capacitaram pescadores e jangadeiros para a defesa da fauna e da flora marítima, transformando-os em agentes ambientais e de turismo. Assim, em pouco tempo foi reduzida a principal causa da morte de peixe-boi na região, que era a colisão com embarcações. A população também percebeu que o antigo inimigo poderia ser um aliado: a preservação das espécies na Costa dos Corais passou a atrair o interesse das pessoas, incrementou o turismo e trouxe à região muito mais dinheiro do que a destruição. Além disso, a preservação fez a biodiversidade crescer, a área fechada dos corais fez com que mais espécies se desenvolvessem na região e até o tamanho dos peixes – que deixaram de ser abatidos precocemente – cresceu. Mais do que isso: a população das espécies foi ampliada mesmo fora da zona de proteção, onde a pesca é permitida, aumentando a renda dos pescadores. Quer dizer: graças a ex-pescadores, agora fiscais da APA, os pescadores atuais tiveram mais diversidade, maior quantidade e peixes de tamanho maiores.

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Formada por três sistemas distintos, a Costa dos Corais tem 120 quilômetros de extensão, paralela à costa, e avança 33 quilômetros mar adentro: a Mata Atlântica, na área terrestre, o manguezal, formado pela foz dos rios, criando o rico berçário onde se desenvolve inúmeras espécies marinhas e a floresta submarina.

“O problema – disse o professor Mauro Maida, é que o controle do desmatamento é muito mais difícil do que na terra”, referindo-se à ação predatória das redes de pesca, que destroem inúmeras espécies.

“Sem a ajuda dos pescadores a agentes locais seria impossível monitorar uma área tão imensa como essa disse a Carla Marcon, do ICMbio, o Instituto Chico Mendes.
Pesquisadores, professores universitários, mestre e doutores comungam com pescadores e moradores das comunidades dos 13 municípios a luta pela preservação. Há uma troca de conhecimento, provocando um extraordinário resultado.

Flavia Rego, presidente da Associação Peixe-boi

Flavia Rego, presidente da Associação Peixe-boi

“Os moradores locais têm um profundo conhecimento da biodiversidade e boa relação com a comunidade, o que facilita e acelera o resultado das ações de preservação”, disse Flávia Rego, presidente da Associação Peixe-Boi, considerando que somente dessa forma é que foi possível chegar à receita utilizada na região”.

Só embarcações não motorizadas entram no mangue

Só embarcações não motorizadas entram no mangue

O mangue, que para o morador da cidade parece o pior dos ambientes, é na verdade a razão da vida das espécies marinhas, o berçário de inúmeras espécies do mar. Estudos indicam que 70% dos animais marinhos utilizam o mangue pelo menos em um período da vida.

A natureza faz um trabalho extraordinário em prol da vida no mangue: a subida da maré leva as águas salgadas para o leito do rio e avançam nas suas margens, atingindo a floresta; no retorno, carrega as folhas e outros materiais orgânicos para o leito do rio, transformando esse material em proteína para o alimento dos peixes e outras espécies aquáticas e criando um enorme estoque de carbono.

Clemente Coelho, presidente do Instituto Bioma Brasil

Clemente Coelho, presidente do Instituto Bioma Brasil

“Os mangues da Costa dos Corais são riquíssimos. Para você ter uma idéia, existe em todo o mundo apenas 50 espécies de árvores que se desenvolvem em água salgada; seis delas estão no Brasil, sendo que quatro na Costa dos Corais, disse o professor Clemente.

No centro da APA, a reprodução da vida

Área de preservação da Costa dos Corais garante fartura na pesca e no turismo

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Corais submersos

A Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais celebra estes 20 anos com muitas conquistas na preservação da biodiversidade marinha, com destaque para a criação da Zona de Preservação da Vida Marinha de Tamandaré, em Pernambuco, que foi fechada há 17 anos, período em que foi registrado um significativo aumento das espécies que vivem na região, demonstrando o sucesso no processo de fechamento de área para a conservação marinha e a importância de um monitoramento de longo prazo.

Foi a partir de 2011 que o projeto ganhou força, com a parceria da SOS Mata Atlântica e do Instituto Chico Mendes com a Fundação Toyota do Brasil.
O objetivo de zona de preservação é aumentar o estoque pesqueiro, preservar e garantir a evolução natural dos ambientes marinhos e elevar a produção pesqueira em áreas adjacentes.

Iran Normande, chefe da APA

Iran Normande, chefe da APA

Segundo o chefe da APA, Iran Normande, que é analista ambiental do Instituto Chico Mendes, as zonas de preservação são importantes pontos turísticos (existem mais duas: em Japaratinga e em Maragogi).

“Além do trabalho de conservação que realizamos junto aos parceiros, convidarmos os turistas para fazer parte dessa ação ordenada e sustentável, para isso criamos as zonas de visitação, de forma que o público pode desfrutar da natureza que é muito rica”, disse Iran, lembrando que a Costa dos Corais é a sétima Unidade de Conservação mais visitada do Brasil, entre 320 que existem.

O ECOinforme visitou a APA Costa dos Corais a convite da Fundação Toyota

Muito conforto a bordo do SW4

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Cortamos o litoral Sul de Pernambuco e toda a costa de Alagoas a bordo do Toyota SW4, o utilitário esportivo derivado da Hilux, picape que também integrou a comitiva de jornalistas e ambientalistas que durante três dias viveu essa extraordinária experiência.

Na nova geração, a SW4 incorpora sete airbags, freios a disco ventilados nas quatro rodas com ABS e distribuição eletrônica, assistente de frenagem emergencial, controle de tração ativo, controle de estabilidade, assistente de subida e de descida.

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A versão avaliada era equipada com motor diesel Toyota 1GD 2.8 de 177 cavalos. Mas a versão a gasolina também fez parte da comitiva: sete lugares, motor V6 4.0 de 238 cavalos com câmbio automático de seis marchas e acionamento opcional com borboletas atrás do volante.