O curto ciclo de vida comercial e o longo ciclo de vida ambiental dos veículos automotores

 

O ciclo de vida de um produto é o desempenho comercial durante o tempo em que ele permanece no mercado; não tem nada a ver com o ciclo de vida do ponto de vista ambiental. Esse é bem mais longo: começa lá atrás, quando o homem explora o minério de ferro e termina quando todas as peças que restaram do carro forem recicladas ou tiverem uma destinação ambientalmente correta, isto é: quase nunca, porque os programas de logística reserva no setor automotivo são incipientes em todo o mundo; no Brasil praticamente não existe.

O correto seria a legislação determinar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos para reaproveitamento dos veículos automotores descartados na própria indústria automobilística ou em qualquer outra produção.

Mas a legislação não exige isso, e enquanto não houver imposição legal, a indústria não vai tomar iniciativa a respeito, exceto se vislumbrar alguma vantagem comercial ou de imagem da marca junto ao mercado.

A falta de uma política de reciclagem de carros não é um problema apenas do Brasil. Em todo o mundo é uma ação incipiente, e embora muitas montadoras tenham projetos de desmanche e recuperação de peças, a maioria dos carros que deixa de circular acaba tendo como destino o ferro-velho, com a recuperação apenas do ferro, do alumínio e algumas peças de plástico. Uma boa parte continua poluindo o meio ambiente.