seguro

O cliente dá uma entrada para comprar um carro e calcula a mensalidade que cabe no bolso. Mas muitas vezes esquece do Custo de Propriedade do Veículo. O que é isso? É tudo o que ele vai gastar com o uso do carro. Não basta pagar a prestação, um carro é como um filho, tem despesas permanentes: combustível, impostos de circulação (IPVA, Licenciamento..), peças de reposição, serviços automobilísticos, estacionamento etc.

Depois de perceber que a despesa não é apenas a prestação do financiamento, depara-se com a maior preocupação de quem precisa proteger o seu patrimônio: o seguro. Quando percebe que vive num país onde um carro é furtado ou roubado a cada três minutos (são mais de 200 mil ocorrências por ano), entende que o bem que conquistou com tanto sacrifício pode virar pó na parada no farol, ao estacionar na rua ou mesmo na garagem de casa.

É aí que vem a parte mais dolorosa do seu direito de ter um carro no Brasil. Se três, quatro mil reais fazem a diferença entre o carro desejado e o carro que a pessoa pode comprar, esse é o valor que ele precisa gastar para garantir o seu patrimônio. Segundo a Inflação do Carro da Agência Autoinforme, que faz o levantamento dos custos que o motorista tem para andar e manter o carro no dia a dia, o seguro é um dos itens mais custosos para o consumidor.

Dados referentes ao mês de setembro de 2016, revelam que um motorista comum, que usa o seu carro no dia a dia para ir ao trabalho, passear e fazer pequenas viagens gasta R$ 1.284,00 por mês, sendo R$ 394,00 de combustíveis, R$ 218,00 de peças de reposição, R$ 337,00 de serviços automotivos e R$ de impostos de circulação. E R$ 276,00 para proteger o seu patrimônio, isto é: para segurar o seu carro contra furto, roubo e acidentes (média referente a carros de entrada).

O curioso é que apesar da grande incidência de furtos e roubos, a maioria dos consumidores não faz seguro. Apenas 30% da frota brasileira está segurada, índice bem inferior ao registrado na Europa e nos Estados Unidos. Quer dizer: além do baixo poder aquisitivo, o brasileiro não tem a cultura do seguro. Afinal, quanto maior a dificuldade de possuir o bem, maior deveria ser a necessidade de protegê-lo. O problema é o alto custo.

Assim é que algumas seguradoras voltaram a operar em modalidades que oferecem apenas garantia para roubo e furto, deixando o risco do acidente para o cliente, que, no entanto, vai pagar um preço bem inferior.

O sistema de rastreamento de veículos é a alternativa usada para reduzir o custo do serviço. O rastreamento proporciona certa segurança ao dono do carro; garante a recuperação do veículo em pelo menos 85% dos casos e tem um custo bem menor do que o seguro total. Mas de que adianta investir num rastreador se ele não dá garantia total da recuperação do bem?

Para garantir a segurança total, surgiram alternativas de rastreador com seguro: o cliente paga a mensalidade do rastreador e em caso de falha na recuperação do bem, recebe o valor integral do carro.

A Ituran lançou o sistema de rastreamento com seguro em 2009, conquistando um público que não estava no mercado do seguro tradicional, ampliando portanto o espectro da frota segurada brasileira. Hoje ainda líder de mercado com mais de 60% dos negócios, a Ituran passou a ter concorrência de empresas que atuam no segmento, como Car System, Positron, Sigo, Auto Fácil, todas oferecendo um serviço mais barato e acolhendo o consumidor com aquele perfil que as seguradoras tradicionais desprezam: jovem, dono de carro mais velho, morador de bairros com alto índice de sinistralidade, modelos de carros mais visados. Esse consumidor, que estava alijado do mercado de seguro, passou a ter o patrimônio protegido e passou a se qualificar para entrar, no futuro, no mercado de seguro tradicional, de forma que a modalidade acabou sendo uma alavanca para todo o setor.

Esse processo de incorporação de parte da população à cultura do seguro é pra lá de importante, para o setor e para a sociedade. É uma quebra da resistência natural do consumidor a um serviço que tem um conceito simbólico dos piores possíveis: tem baixo valor emocional, é abstrato e conceitual. No imaginário popular, fazer seguro significa PENSAR NO RISCO, portanto na possibilidade da perda, na violência contra o patrimônio e contra si.

Vencer essa resistência é um mérito que deve ser aplaudido, pois trata-se de uma conquista definitiva, tamanha a sensação de segurança que o serviço lhe garante: tem gente que, uma vez segurada, nunca mais vai conseguir tirar o carro da concessionária sem que tenha sido feita  a vistoria: acha o seguro caro, xinga esperneia, mas não nunca mais vai abrir mão dele.