– Antecipação da linha é legal; o próximo 2016 será o Civic 2016, que chega antes do Carnaval. Mas a estratégia prejudica o mercado de usados

Quando a montadora lança a linha 2016 você supõe que o carro vem com mudanças, certo? Principalmente se essa mudança ocorre logo no início do ano, como foi o caso do Tuscson. Isso mesmo, o utilitário esportivo fabricado pela Hyundai Caoa em Anápolis, Goiás, é o primeiro do mercado brasileiro que já linha 2016. No entanto, ele é exatamente idêntico ao modelo 2015.

Então por que lançar a linha nova com tanta antecipação? Trata-se de uma estratégia de marketing, e que funciona, tanto que outras montadoras vão fazer o mesmo já já. A Honda já anunciou que o Civic 2016, nesse caso com mudanças na linha, será modelo 2016 já na segunda semana de fevereiro.

A legislação brasileira – ao contrário de outros países – permite o lançamento da linha referente ao ano seguinte a partir de primeiro de janeiro. Isso cria um problema com os carros exportados para a Argentina, que permite a linha 2016 somente no segundo semestre, por isso, durante o primeiro semestre, os carros 2016 vendidos no Brasil vão para a Argentina como modelo 2015. Além disso, a Argentina prevê a mudança do ano modelo apenas um ano após a última modificação. Nesse período o carro terá que permanecer o mesmo, sem qualquer alteração estética ou tecnológica. Por que esse modelo é mais adequado aos interesses do consumidor? Porque ele compra o carro sabendo quanto tempo ele permanecerá em linha da mesma forma.

Portanto, lançar o 2016 em janeiro não é ilegal e nem novidade. Todos os anos um ou outro carro já aparece como linha do ano seguinte já no início do ano.

Para quem vai comprar o carro zero é uma tremenda vantagem, daí ser uma boa estratégia de vendas. Afinal, o comprador vai ficar com um carro “novo” por mais tempo. Se ele vender o carro em 2017, estará vendendo um carro com dois anos de uso mas oficialmente com apenas um ano de idade.

O prejuízo fica com o comprador do usado, que vai pagar mais cario por um carro mais velho. Explico: o que vale no Mercado de usado é o ano modelo e não o ano de fabricação. Assim, daqui dois ou três anos, esse Tucson 2016 terá um valor maior do que o seu concorrente modelo 2015.

O diretor de uma grande montadora disse que não vê problema na antecipação do ano modelo:

“A chegada da linha do ano seguinte no início do ano já está na cultura do consumidor brasileiro”, disse o dirigente, que considera a estratégia válida. Para ele, trata-se de um instrumento de competitividade.

“Não podemos perder mercado para o concorrente. Se ele se antecipou, vamos nos antecipar também”, disse. Um indicativo de que novas levas de modelos 2016 devem estar chegando por aí.