Artigo de Luiz Carlos Mello (*)

Sergio Marchionne_Presidente FCA

A Fiat Chrysler adiou diversos programas de veículos, segundo informações divulgadas nesta terça-feira pelo Automotive News.

Fontes da empresa indicaram que a FCA decidiu, no ano passado, adiar diversos programas relacionados com os veículos atuais e lançamentos futuros, inclusive o Ram 1500 e o Jeep Wrangler.

“O número pouco comum de adiamentos permitiu à montadora deferir bilhões de dólares em investimento, enquanto prospecta um sócio”, revelou no comunicado.

Nada acontece no interior da indústria automobilística que não se revele, mais cedo ou mais tarde, para o distinto público.

Possíveis desafios de caixa – comum a todas, é bom que diga, e em especial nos dias atuais – fazem a condução da FCA tarefa nada fácil, quando, sendo uma das grandes, não é exatamente global; sendo símbolo nacional de país dito industrializado, não conta com o governo como sócio, tais como Renault, Peugeot, VW e chinesas; e tendo de guerrear em diversas frentes, não tem como avançar, mas, apenas, se defender.

A insistência do sr. Marchionne, cujo foco parece ser o de associar-se com um dos grandes americanos – dias atrás confirmada pelo próprio herdeiro do clã e chairman da FCA, John Elkann, ao reconhecer o envio de e-mail do seu carismático CEO ítalo-canadense à sra. Mary Barra, da GM -, está longe de representar fato impulsivo, mas, ao contrário, um novo e pensado movimento estratégico na direção do qual a notícia de agora, de que a FCA adiou diversos programas de produto, é parte rigorosamente integrante de um plano meticulosamente traçado.

É atribuída ao sr. Marchionne declaração recente de será 2018 o ano que testemunhará mudanças estruturais na indústria, no campo de fusões e associações.

A ver-se o passo acelerado de Google e Apple e a imperiosidade de todas as grandes globais de se prepararem para enfrentar a “blitzkrieg” que aquelas lhes moverão (já estão movendo, na realidade), talvez 2018 seja prazo dilatado demais.

Quem sabe, na quadra atual de desafios que muitas enfrentam no Brasil – as grandes, em particular -, não seria o nosso ambiente um belo palco para uma ainda que regional associação do tipo Autolatina (na original, Ford e VW saíram da “joint” entesouradas.) e um eventual precursor da mudança mais ampla e revolucionária proposta pelo sr. Marchionne?

(*) Luiz Carlos Mello foi presidente da Ford e hoje dirige o CEA Centro de Estudos Automotivos